Um pedacinho do que sou

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mudanças



Essa palavra me trouxe a memória alguns princípios engavetados no meu interior, gostaria de compartilhar com vcs.

Mudanças

O universo está em constante mudança. Todas as coisas e pessoas se transformam com o passar do tempo. As fotografias nos fazem perceber o quanto a nossa aparência se modifica.
Algumas mudanças são naturais, tais como o crescimento e o envelhecimento. Mudam também os costumes, os objetos, as profissões, o conhecimento, enfim, a vida.
Como disse o filósofo Lavosier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Heráclito afirmou que “a única coisa permanente é a mudança”.
A ciência e a tecnologia têm causado mudanças constantes e cada vez mais rápidas na sociedade. Os computadores, por exemplo, evoluem com tanta rapidez, que os modelos considerados modernos tornam-se obsoletos após poucos meses de uso. Os telefones celulares trazem inovações tão freqüentes que um aparelho “envelhece” em pouco tempo. Mesmo que esteja funcionando perfeitamente, parece que temos a obrigação de trocá-lo.
Algumas mudanças são necessárias e bem-vindas, trazendo conforto e benefícios reais. Outras são apenas frutos da manipulação capitalista que rege a sociedade moderna. Todos os dias somos atingidos por propostas que nos impelem à mudança: “Troque seu carro, seu telefone, sua casa, sua roupa etc”.
Trocar os objetos que usamos no dia-a-dia não é a questão que mais nos preocupa. Vale lembrar, porém, que toda mudança tem o seu preço e que alguém sempre estará ganhando muito nessa história.
As mudanças atingem também os relacionamentos. Os indivíduos tornam-se desvalorizados e descartáveis como um celular analógico. Permanecer muitos anos casado, com a mesma pessoa, tornou-se algo estranho diante da mentalidade mundana.
Palavras como “compromisso” e “perseverança” estão cada vez mais raras no vocabulário moderno. Poucos continuam dispostos a lutar para que algo dê certo. Se estiver difícil, querem logo partir para outra experiência.
É preciso discernimento e auto-controle para que não sejamos vítimas de um movimento irracional, como folhas secas levadas pelo vento.
Quando a mudança for sinônimo de progresso, devemos aceitá-la e fazê-la acontecer. Entretanto, o cristão precisa utilizar critérios bíblicos para tirar suas conclusões e tomar suas decisões.
A mudança pode se tornar um costume. Se isto é bom ou ruim, depende de cada caso. Um exemplo é a transferência de membros. Mudar de uma igreja para a outra pode ser necessário, mas, quando se torna um hábito, pode ser um problema. Uma planta que vive sendo trocada de lugar, não criará raízes profundas. Por isso, poderá não crescer e não produzir frutos, correndo, inclusive, sério risco de morrer prematuramente.

Motivos

São inúmeros e variados os motivos das mudanças. Elas podem ocorrer por causa de dificuldades, imposições, desenvolvimento etc. Muitas resultam da inteligência e criatividade do ser humano. Outras surgem da curiosidade e do gosto pela novidade. A cobiça também faz o homem correr atrás de coisas novas. Cuidado! O desejo pode ser legítimo, mas, quando está sem controle, assemelha-se a um carro sem freios, podendo causar grandes danos. Você quer realizar alguma mudança em sua vida? Examine antes os seus motivos, a viabilidade, o preço e as respectivas conseqüências. Examine também a possibilidade de retorno. Mudanças radicais e irreversíveis devem ser muito bem planejadas.

Mudança indevida

O filho pródigo morava na casa do pai. Havia ali tudo o que ele precisava para ser feliz. Entretanto, estava insatisfeito e decidiu mudar-se. Não foi apenas uma mudança de endereço, mas de comportamento.
Quem sabe, ele não estaria cansado de viver sob as ordens paternas? Talvez se sentisse controlado. Queria mais liberdade. Gostaria de administrar a própria vida, e experimentar tudo o que o mundo lhe oferecia. Eram tantas novidades, tantos atrativos, que ele não resistiu.
Assim também, muitos filhos de Deus estão atraídos pelas novidades do mundo. Alguns não resistem e acabam abandonando o Senhor, saindo da igreja, desviando-se do evangelho.
Acredito que, logo que o filho saiu de casa, ele deve ter tido um sentimento de liberdade. Imediatamente, começou a “curtir” a vida. Enquanto durou o dinheiro, duraram as festas, os amigos e os relacionamentos com as mulheres. Parecia que a sua decisão tinha sido certa.

Mudança indesejada

Um dia, porém, o dinheiro acabou. O sonho virou pesadelo e uma nova mudança aconteceu. O filho pródigo foi parar no chiqueiro. Isto não estava nos seus planos, mas ilustra bem o destino de todos aqueles que se afastam de Deus. Acabam se transformando em algo que não gostariam e indo morar onde não planejaram. A última morada do infiel será o inferno, a não ser que se arrependa a tempo de ser salvo.
Precisamos estar atentos a esse fato: uma mudança pode provocar outras. Quem quer sair de casa, deve também pensar nas contas que deverá pagar lá fora.
Mudamos algo para atender às necessidades imediatas e perdemos o controle da situação pouco adiante.
Muitos querem os relacionamentos sexuais ilícitos, mas poucos assumem os filhos que eventualmente surgem daí.



Mudança necessária

Embora estejamos muito acostumados às mudanças, continua sendo muito difícil mudar o que precisa ser mudado. Mudança de hábito é algo complicado. Abandonar um vício, começar a caminhada diária ou cumprir a dieta alimentar são decisões e práticas muito difíceis.
No âmbito espiritual também existem mudanças necessárias e urgentes. Arrependimento, conversão e crescimento espiritual implicam em alterações pessoais profundas.
Um dia, o filho pródigo reconheceu que sua vida não estava boa. Ele precisava mudar novamente. Agora, voltaria ao seu lar.
Retornar à casa do Pai era apenas um dos aspectos da sua mudança. Chegando lá, precisou tomar um banho e trocar suas roupas. Sua vida foi totalmente transformada. Ele não poderia continuar saindo todos os dias para “curtir” o mundo lá fora. Ele não poderia sair para trabalhar no chiqueiro. Não poderia levar os porcos para casa. Ele não continuaria sujo de lama, cheirando mal ou comendo alfarrobas nas refeições. Mas não é o que acontece com muitas pessoas? Muitos se dizem convertidos, voltam para a casa do pai, mas vivem como ímpios. (Será que voltaram mesmo?)
Isto não deve acontecer. Conversão não é apenas uma troca de religião, mas mudança de vida. O cristão não pode ser desonesto, mentiroso, ladrão, adúltero etc.
“Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.” (1Co 5.11).
O evangelho precisa causar grandes mudanças em nós. Caso contrário, ele será inútil. “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós. Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4.22-32).
Algumas pessoas não estão mais nas mãos do diabo, mas ainda dão lugar a ele em suas vidas. Parece que levaram o porco para casa. Mudaram de endereço, mas não de caráter. Mudaram o rótulo do recipiente, mas não o seu conteúdo. O imutável
Algo maravilhoso na parábola do filho pródigo é que, quando ele resolveu voltar ao lar, o caminho ainda existia. A casa ainda estava lá e, acima de tudo, o pai não tinha mudado.
“Disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao pai senão por mim.” (João 14.6).
Deus não muda (Ml 3.6; Tg 1.17; Hb 13.8). Sabemos disso, mas, algumas vezes agimos como se não soubéssemos.
O Senhor não muda porque ele é perfeito. Não pode melhorar nem se tornar ruim. A imutabilidade de Deus é a maior garantia que temos na vida.
Se ficamos surpresos com o Senhor em algum momento, não é porque ele tenha mudado. Nós é que não o conhecíamos bem.
Quando pecamos, podemos pensar que Deus mudará sua atitude para conosco, mas, se houver arrependimento, Deus nos tratará como antes.
O seu caráter não muda. Permanecem também os seus propósitos e suas promessas. Ele não levantará um profeta para dizer, por exemplo, que a volta de Cristo foi cancelada. Da mesma forma, o que ele prometeu para cada um de nós se cumprirá.
O mais glorioso é que o seu amor para conosco não muda (Is 54.10). O pródigo voltou e encontrou o pai no mesmo lugar. Ele continuava sendo seu pai. Continuava amando o filho e esperando por ele. Apesar disso, o filho precisava mudar.
Nós também precisamos mudar para melhor. “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2).
“A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Pv 4.18).
::Por Anísio Renato de Andrade

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